Então ministro-chefe do GSI havia sido convocado para uma reunião de urgência por Bolsonaro, em Brasília, enquanto participava da formatura do ITA, no interior de São Paulo
O general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ficou “atônito” e tentou desconversar quando o tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), disse que não concordaria com um golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
A declaração foi dada por Baptista Jr. durante depoimento à Polícia Federal. O conteúdo da oitiva foi veiculado em primeira mão pela CNN.
O encontro entre o então comandante da FAB e o general Heleno aconteceu em 16 de dezembro de 2022, uma sexta-feira, durante a formatura de graduação do Instituto Técnico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, no interior de São Paulo. O neto de Heleno era um dos formandos na ocasião.
Após término da cerimônia, o general se dirigiu a Baptista Jr. e perguntou se poderia ser disponibilizada uma vaga no avião de apoio da FAB, pois ele havia sido acionado por Bolsonaro para uma reunião de urgência no dia seguinte, 17 de dezembro de 2022, um sábado.
O tenente-brigadeiro questionou se Heleno havia dito para o então chefe do Executivo que estava participando da formatura de seu neto, uma ocasião especial. O ministro do GSI respondeu que sim, mas que a ordem de voltar para a capital federal havia sido mantida.
Com o episódio, o comandante da Aeronáutica estranhou o fato da reunião ocorrer no fim de semana e com urgência e chamou Heleno para uma conversa numa sala reservada.
No local, Baptista Jr. afirmou para o general que a FAB não concordaria com qualquer movimento de ruptura democrática. E por não ter sido convidado para o encontro, solicitou que o ministro avisasse Bolsonaro sobre sua posição.
Posteriormente, os dois voltaram no mesmo voo para Brasília e não tocaram mais no assunto.